domingo, 27 de dezembro de 2015

Um extraterrestre, estarrecido procurou seu amigo terráqueo e o indagou: 
 - Nobre amigo aqui da Terra, fico muito confuso tentando entender os adolescentes humanos, você sabe cai de nave no seu lindo planeta e estou tentando entender algumas coisas. 
 - Será que posso ajudá-lo amigo? O que o deixa tão confuso?
 - O comportamento, melhor dizendo: certos comportamentos, não entendo por que às vezes são tão agressivos, cometem delitos e crimes, não respeitam os semelhantes, as regras e a si próprios. Será droga ?
 - Em alguns casos, ocorre devido a uma droga específica.
 - E onde eles conseguem essa droga?
 - Em casa, na escola, na casa dos avós... 
 - Quem fornece a tal droga?
 - Os pais, os avós, os tios, os professores, as babás... 
 - Acho que estou ficando mais confuso. Caro amigo, deste amável planeta, diga-me o nome dessa droga? 
 - SIM.
 - O nome da droga é SIM? 
 - Exatamente, muitas das nossas crianças e adolescentes são viciados em ouvir SIM. Quando querem alguma coisa e não ouvem SIM, ficam péssimos e perdem o controle dos atos, das palavras, são capazes de qualquer coisa. É uma droga muito forte. Que causa danos irreparáveis. Quando entra pelos ouvidos causa uma sensação de prazer imediato, de poder absoluto. 
 - Então devemos sempre dizer não ?
 - De forma alguma. O SIM é bom, corremos atrás dele a vida toda, o que não é legal é dependermos dele pra viver bem. Ele não precisa ser uma autorização para o nosso bem estar. Desse modo não nos tornamos resilientes, criativos, tranquilos. 
 - Vou acabar entendendo. Esclareça-me uma coisa, o vício começa na adolescência? 
 - Não. Na primeira infância, quando os cuidadores das crianças precisam negar algumas solicitações, fazer interdições, e elas se mostram resistentes, agressivas.
 - Isso é normal, tão pequenos se comportarem assim?
 - É, é super normal. A criança nessa hora precisa de um adulto competente, consciente das suas ações que possa ajudar e ensinar, com tranquilidade, que naquele momento é necessário fazer tal coisa, e que a vida não acaba ali. É necessário explicar que não fazemos somente as coisas que queremos fazer e sim o que é preciso ser feito. Essas reações vão apresentando um formato diferente e progressivo, à medida que a criança se desenvolve e observa as condições do ambiente à sua volta. Começam fazendo biquinho, depois chorando, depois gritando, lá na frente se jogam no chão, quando estão maiores ameaçam sair de casa, e por aí vai.
 - E quando começam a injetar o SIM pelos ouvidos?
 - Ah! Essa foi boa. Tudo é desencadeado quando os adultos responsáveis não conseguem, por razões diversas, suportar o comportamento da criança, no momento em que é frustrada. Fragilizados acabam dando um SIM. É assim que o ciclo se inicia: a criança deseja algo —> quer realizar tal desejo —> o adulto diz que não é possível  —>  ela insiste, precisa ouvir SIM—> o adulto fragilizado cede e diz SIM . Possivelmente, o faça com a intenção de resolver a situação mais crítica rapidamente e acabar com o sofrimento dele e o da criança. O problema é que a criança passa a entender que é possível conseguir o SIM se insistir. 
 - Então, aquelas reações que vi em alguns adolescentes é abstinência de SIM?
 - É. Exatamente. - Então a criança não deveria ter desejos, impulsos? 
 - Claro que sim. Os desejos nos movem, nos leva a buscar o que queremos... Mas se não aprendermos quando criança, que devemos conseguir esperar e que não é possível ter tudo que desejamos, nos tornaremos ansiosos, irritados, infelizes, entre outras coisas. 
 - Tem cura, o dependente de SIM, consegue se livrar desse vício? 
 - Quanto maior a idade mais difícil será. Por que ele passou mais tempo naquele ciclo vicioso que te apresentei, mas é possível sim.
 - Obrigado, amigo pelas informações.
 - Foi um prazer, até a próxima. Quando passar novamente pelo seu incrível planeta, te procuro para novas lições.

Nenhum comentário:

Postar um comentário